sábado, 30 de junho de 2012

A MISSÃO DA ARTE

Cada coisa existente no Universo possui uma utilidade específica para a sociedade humana, ou seja, uma missão atribuída pelos Céus. Naturalmente, a Arte não constitui exceção. Portanto, uma vez que o artista é um membro da organização social, ele deve conscientizar-se de sua missão e exercê-la plenamente, pois essa é a Verdadeira Arte e também a responsabilidade que lhe cabe.

Entretanto, quando observo os artistas da atualidade, não posso deixar de ficar decepcionado com as atitudes inconsequentes da maioria. É claro que existem artistas excelentes, mas a maior parte se esquece da sua responsabilidade, ou melhor, não tem nenhuma consciência dela. Além do mais, eles constituem um problema, pois, tendo-se como criaturas superiores, fazem o que bem entendem sem a menor vergonha.

Acham que, agindo de acordo com sua própria vontade, estão manifestando sua personalidade e seu caráter de gênio. A sociedade, por sua vez, os superestima, considerando-os pessoas especiais, e aprova quase tudo que eles fazem. Por isso, sua mania de grandeza torna-se ainda maior.

É preciso, todavia, que o caráter dos artistas seja muito mais elevado que o das pessoas comuns. Explicarei isto com base na Religião.

Inegavelmente, nos primórdios da sua história, a humanidade possuía muitas características animais, mas não há dúvida de que, após a era selvagem, ela veio progredindo gradativamente, construindo-se, pouco a pouco, a civilização ideal. Neste sentido, o progresso da civilização consiste na eliminação do caráter animal do homem. Alcançar esse nível é alcançar a Verdadeira Civilização. Ainda hoje, porém, a maioria das pessoas está sujeita ao terror da guerra, prova de que persiste no homem uma grande parcela de características animais. Assim, cabe ao artista uma grande missão: ele é um dos encarregados da eliminação de tais características.

Torna-se necessário, portanto, elevar o caráter do homem por meio da Arte. Naturalmente, esse objetivo será alcançado através da literatura, da pintura, da música, do teatro, do cinema e de outras artes. O espírito dos artistas, comunicando-se por esses veículos, influenciará o espírito do povo. Falando mais claro, as vibrações espirituais emitidas pela alma do artista tocarão a sensibilidade das pessoas através das obras literárias, da pintura, dos instrumentos musicais, dos cantos, das danças, etc. Em outras palavras: haverá uma sólida ligação entre o espírito do artista e o espírito de quem apreciar suas obras. Se o caráter daquele for baixo, o das pessoas também se degradará; obviamente, se for um caráter elevado, terá o efeito contrário.

Eis a importância da Arte. O artista deve funcionar como orientador espiritual do povo. Neste sentido, não seria exagero afirmar que uma parte da responsabilidade do aumento do mal social cabe aos artistas.

Vejamos: erotismo cada vez mais vulgar, literatura cada vez mais grotesca, quadros cada vez mais monstruosos; as opiniões dos artistas, assim como também a música, o teatro e o cinema, cada vez piores.

Se analisarem minuciosamente tais fatos, certamente compreenderão que a minha tese não é errada.

Meishu Sama em 15 de outubro de 1949.

A CAUSA DA POBREZA

O objetivo da nossa Igreja é construir um mundo isento de doença, pobreza e conflito. Quanto às questões relacionadas à doença, tenho a impressão de já tê-las examinado e explicado detalhadamente, sob todos os ângulos; não obstante, pretendo continuar dando esclarecimentos a respeito, pois se trata da medicina indicada por Deus. Agora, porém, falarei sobre o problema da pobreza.

A pobreza é decorrente da perda da saúde. Contudo, existem outras causas importantes. Além de não poder trabalhar, por causa da doença, a pessoa tem de gastar muito dinheiro com tratamentos médicos. Se for pouco tempo, ainda é suportável, mas, quando a doença se prolonga por um longo período, acarreta desemprego. Assim, o sofrimento causado pela doença é acrescido das dificuldades financeiras, de modo que a pessoa, com seu sofrimento duplicado, fica envolvida pelas escuras nuvens da intranquilidade em relação ao futuro, não conseguindo ir nem para frente nem para trás. Podemos dizer que esse sofrimento é um verdadeiro inferno.

Por toda parte existem inúmeras criaturas em tal situação. Esses infelizes, ao conhecerem a nossa Igreja, logo conseguem vislumbrar a luz da esperança em relação ao futuro e sair do inferno em que vivem, começando a ter uma vida alegre. São exemplos concretos, que podem ser vistos em quantidade nas Experiências de Fé.

A maior parte dos casos de pobreza podem ser solucionados dessa forma. Mas, aprofundando um pouco mais, abordarei outro aspecto importante. Para tanto, relatarei minha experiência sobre o assunto, com a qual desejo ensinar o segredo da solução definitiva do problema.

Quando eu era jovem, apesar de ser ateu, sempre tive o desejo de melhorar a sociedade. Achando que, para isso, não havia meio mais eficaz do que uma empresa jornalística, fiz várias pesquisas e fiquei sabendo que, naquela época, precisaria de mais ou menos um milhão de ienes. Ora, eu sou de família pobre e só pude me casar e ter um lar graças à pequena soma em dinheiro que me foi presenteada por meus pais. Abri, então, uma lojinha de miudezas a varejo, a qual tinha uma largura de 2,70 m. Como os resultados foram bons, em pouco mais de um ano comecei no comércio por atacado e, aproximadamente dez anos depois, era considerado um bem-sucedido na vida; meus bens somavam o equivalente a cento e cinquenta mil ienes daquela época (1919). Precipitando-me em conseguir logo a quantia necessária para a abertura da empresa jornalística, estendi demais a mão, de modo que acabei falindo, com dívidas até o pescoço. Consequentemente, tive de desistir da ideia de abrir a empresa.

Desesperado, recorri à Religião. Durante mais ou menos vinte anos, passei por inúmeros percalços e dificuldades, tendo sofrido muito por causa de vultosas dívidas. Agora, entretanto, vejo que tudo isso constituiu a minha prática ascética. Em geral, os religiosos se isolam nas montanhas, banham-se em cascatas e fazem jejum, mas acho que a minha prática foi muito mais difícil e sofrida. E não foi apenas uma ou duas vezes que me vi afundando em problemas financeiros. Vou revelar a "filosofia da pobreza", que adquiri nessa época, através do estado de Iluminação.

Além da doença, a causa da pobreza são as dívidas. Cheguei à conclusão de que, se não as contrairmos, jamais ficaremos pobres. Ora, quando se toma dinheiro emprestado, inevitavelmente chega o dia em que se tem de pagar a dívida. Entretanto, ainda que se disponha do dinheiro suficiente, geralmente a data determinada para o pagamento é adiada. Aí está o desencontro. Quando se faz uma dívida, correm juros todos os dias, sem falhar um só, até que ela seja liquidada completamente. Por conseguinte, ainda que a pessoa tenha calculado um lucro considerável, subtraindo-se os juros, quase não haverá lucro. Além do mais, a dívida provoca uma constante intranquilidade espiritual, e, nesse estado, a inteligência se atrofia, sendo impossível surgirem boas ideias.

As dívidas são a causa da maioria dos fracassos ocorridos na sociedade, e da maioria dos casos de pobreza. Eu, que despertei para essa realidade, sempre digo às pessoas: "Se você tiver cem mil ienes, empregue num negócio apenas um terço dessa quantia, isto é, trinta mil ienes". Esse empreendimento, à primeira vista, parece pequeno, mas, com o passar do tempo, tornar-se-á grande. Caso haja um fracasso, a pessoa poderá começar tudo novamente, com outros trinta mil ienes e um novo método, pois já tem experiência do fracasso. É assim que a maioria começa a percorrer o caminho do sucesso. Ocorrendo outro fracasso, ainda restarão à pessoa os últimos trinta mil ienes; se ela fizer nova tentativa, é certo que desta vez será bem sucedida.

A maior parte das pessoas, no entanto, se tiverem cem mil ienes, começam empregando essa quantia toda; às vezes até fazem empréstimo de mais cinquenta mil. Assim, começam com cento e cinquenta mil, o que é realmente uma aventura. Se o empreendimento falhar, é natural que elas recebam um golpe fatal, do qual nunca mais conseguirão se recuperar. Todavia, se as pessoas agirem como eu faço, haverá um superávit monetário. Por isso, quando aparecem negócios pouco dispendiosos ou de lucro certo, deve-se entrar logo em ação. Ao contrário, quando a pessoa está com todos os seus recursos empatados, muitas vezes pode surgir um imprevisto na hora do pagamento, obrigando-a a deixar passar o prazo determinado. Com isso, a confiança que depositaram nela diminui. Se há uma reserva de dinheiro, ela sempre pode cumprir com a palavra no prazo do pagamento e, assim, ganhar maior crédito. É dessa forma que se obtêm grandes lucros.
Darei maiores exemplos sobre o assunto.

O principal motivo da derrota do Japão na última guerra foi a política de empréstimos. Parece que quase ninguém percebe esse fato, mas é preciso que se atente bastante para ele.

Até o início da guerra, o Japão veio aumentando suas importações a cada ano. Como as dívidas se avolumavam, foi necessário fazer novos empréstimos para pagá-las. Com esses empréstimos, o país aumentou seu poderio militar, expandiu seu território e cada vez estendeu mais suas mãos para invadir outros países. Naturalmente, além de empréstimos externos, também se fizeram empréstimos internos, de modo que o Japão acabou expandindo a política das dívidas públicas até o fim dos limites. Os prejuízos que a Ferrovia Nacional está sofrendo, atualmente, também são herança dessa política. Caso não a tivessem adotado, talvez não surgissem pessoas ambiciosas, ávidas de invasões. E mais: a cada ano o comércio aumentaria as exportações, e, sem dúvida alguma, o Japão estaria numa ótima situação. Em consequência, a cultura de cunho pacífico expandir-se-ia amplamente, a moral do povo se elevaria e seríamos uma nação feliz, invejada pelo mundo inteiro. Além disso, o país poderia importar com facilidade tudo quanto precisasse em matéria de alimentos, dando aos demais países uma sensação de paz e tranquilidade em relação ao seu povo. Como resultado, as nações possuidoras de grandes territórios receberiam com muito prazer os imigrantes japoneses, e tornar-se-ia desnecessário o controle da natalidade.

Se a política de empréstimos de uma nação tem essas consequências, nos casos particulares acontece o mesmo. Acredito que, através de minhas palavras, compreenderam o método que deve ser empregado para solucionar o problema da pobreza.

Meishu Sama em 30 de junho de 1949.

A ARTE DE DEUS

Como seres contemporâneos, é chegada a hora de nos conscientizarmos da época em que estamos vivendo. Vou explicar o que isso significa.

A cultura material progrediu tanto que, através da invenção do rádio, da televisão e de outros meios de comunicação, podemos tomar ciência dos acontecimentos mundiais em poucos instantes. Se não compreendermos a importância desse fato, não poderemos falar sobre a civilização atual.

Nos Estados Unidos, começou-se a falar, há alguns anos, sobre a Nação Universal e Governo Universal. Tais expressões não estarão prenunciando, para um futuro próximo, o advento de um mundo ideal? Será, com efeito, um grande acontecimento. Quando raiar esse dia, naturalmente se escolherá um Presidente Mundial, e qualquer nação poderá apresentar seus candidatos. Entretanto, para o nascimento desse Novo Mundo, será necessário haver uma enorme revolução em todos os setores, especialmente no pensamento humano. Obviamente, todos os "ismos" serão varridos, e, ao mesmo tempo, haverá unificação dos pensamentos.

Para melhor compreensão, darei um exemplo. Suponhamos que um exímio pintor pinte um grande quadro representando o mundo. Ele o expressaria com a máxima beleza, através de linhas e cores variadas, sem nenhum defeito, com Técnica Divina. Como não é difícil imaginar, os preparativos para a pintura desse quadro levariam vários milênios. As primeiras linhas seriam o mais importante, pois representariam as fronteiras dos países, e levariam muito tempo para serem traçadas. Em seguida, viria a escolha das cores: vermelho, azul, amarelo, branco, violeta, enfim, uma variedade delas.

A título de experiência, tentemos aplicar isso aos diferentes povos e países. Quero, porém, alertar-lhes que se trata apenas de uma suposição. Cada país desempenharia uma função de acordo com a peculiaridade de sua cor. Desenhadas as linhas e usadas habilmente as cores, estaria pronto o quadro do mundo. E que mais poderia ser este quadro senão a Grande Arte de Deus Todo-Poderoso? Até hoje, entretanto, considerando a cor de seu país a melhor de todas, os homens quiseram pintar o quadro somente com essa cor, razão pela qual não foi possível obterem êxito. Naturalmente, outro fator que eles não levaram em conta foi o tempo. A derrota sofrida pelo Japão e pela Alemanha na última guerra ilustra muito bem o que estamos dizendo. Por analogia, os "ismos" ou ideologias podem ser comparados às tintas fabricadas por cada país. Consequentemente, uma nação não pode tentar pintar além da sua linha limite, porque isso provoca atritos com as outras, cujos objetivos são os mesmos. Como esses atritos constituem um estorvo para o quadro do mundo, elaborado por Deus com base no amor à humanidade, obtém-se apenas um sucesso temporário. Vejamos.

A maioria dos heróis que apareceram desde os tempos antigos, acabaram sendo derrotados por terem cometido o erro de criar obstáculos para a Arte de Deus. Baseadas nesse fato, as potências mundiais, ao invés de tentarem pintar os outros países com a sua cor, devem se esforçar para tornar mais viva e mais bela a cor de cada país. Se adotarem essa política, estarão concordes com a Vontade Divina, e assim se concretizará o Mundo Ideal.

Estes são os motivos pelos quais é necessário pensar na Religião. Entretanto, na forma como vêm sendo praticadas até hoje, cada uma querendo pintar a outra com a sua cor, as religiões deixam de acompanhar a marcha do tempo, ficando em desacordo com o Plano de Deus. Por isso, precisamos entender a Vontade Divina que está por trás do progresso da civilização e, dando-nos as mãos, fazer de todas as religiões uma só força, para a construção do mundo Ideal que está prestes a surgir.

Meishu Sama em 20 de dezembro de 1949.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

FELICIDADE

Em todos os tempos, o ser humano aspirou à felicidade, primeiro e último objetivo do homem e meta de todo preparo, esforço e aperfeiçoamento. Mas quando poderão as criaturas consegui-la de fato? A maioria, não obstante ansiar pela felicidade, permanece vítima das desgraças e deixa este mundo antes de desfrutar a alegria de vê-la concretizada.

Será, então, a felicidade algo tão difícil de conseguir? Devo dizer que não. A felicidade baseia-se na eliminação de três fatores principais: doença, pobreza e conflito. Como essa eliminação não é fácil, a maior parte das pessoas submete-se a uma forçada resignação.

Tudo se enquadra dentro da Lei de Causa e Efeito, e a felicidade não foge a essa lei. Descobrir sua causa será, pois, descobrir a chave do problema. A solução da incógnita está na compreensão do amor altruísta.

Lutar pelo bem-estar do próximo é a condição essencial para nos tornarmos felizes. O mundo, entretanto, está repleto de pessoas, que buscam a felicidade apenas para si, indiferentes à desgraça alheia.

É uma tolice almejar a felicidade semeando a infelicidade. É como a água de um recipiente: se a empurramos, ela volta; se a puxamos, ela se afasta. A necessidade da Religião reside nesse ponto. O amor pregado pelo cristianismo e a caridade búdica têm por propósito infundir a fraternidade no coração humano.

Contudo, essa verdade tão simples é difícil de ser reconhecida pelo homem.

Deus, por meio de Seus representantes, criou as religiões, que por sua vez estabeleceram doutrinas, através das quais são indicadas as bases do viver. São as religiões que nos ensinam a existência de um Ser Invisível, para, com a mais pura intenção, conduzir-nos ao caminho da Fé. Não é pequeno o empenho requerido para salvar uma pessoa. A vida, realmente, não tem sentido para a maioria, que, não sendo ensinada a crer no invisível, parte para o Além indiferente aos ensinamentos, ludibriada e perdida nas trevas. Todavia, para os que souberem desfrutar da alegria de viver, extasiar-se com as verdades, conseguir vida longa e o meio de serem verdadeiramente felizes, o mundo será, sem dúvida, um paraíso digno de ser vivido.

Nós afirmamos que, para nos tornarmos felizes, há um caminho cujo rumo está indicado neste livro, apresentado com tal propósito.


Meishu Sama em 1º de dezembro de 1948.