segunda-feira, 2 de julho de 2012

A CONSTRUÇÃO DO PARAÍSO E A ELIMINAÇÃO DO MAL

Para que este mundo se transforme em Paraíso - objetivo de Deus - existe uma condição fundamental: eliminar a maldade que a maioria dos homens traz no mais profundo recanto de suas almas. Pelo senso comum, as criaturas desaprovam o mal e temem o contato com ele. A Moral, a Ética e a Educação procuram reprimi-lo. A Religião, também, tem por ensinamento básico recomendar a prática do bem e combater o mal. Observando a sociedade, vemos que os pais repreendem os filhos; os maridos, as esposas; as esposas, os maridos; os patrões, os empregados. A tudo isso, acrescentam-se as leis, que, por meio de sanções, tentam impedir o mal. Entretanto, apesar de todo esse esforço, a quantidade de pessoas más é incalculavelmente maior que a de pessoas boas; para termos uma idéia mais precisa, entre dez, pessoas, talvez nove sejam más.

Falando em homens maus, devemos lembrar-nos de que existem vários níveis de mal: os grandes, os médios e os pequenos. Citemos alguns exemplos: o mal premeditado, praticado conscientemente; o mal que cometemos inconscientemente, sem perceber que o estamos cometendo; o mal que praticamos por não haver outro recurso; o mal que fazemos acreditando ser um bem. O primeiro não necessita de maiores esclarecimentos; o segundo é o que mais se vê; o terceiro, em termos de povos, é praticado pelos selvagens, e, em termos individuais, pelos loucos e pelos retardados, consequentemente não é tão grave; já o quarto, isto é, o mal que se faz pensando ser um bem, é o mais prejudicial, pelo empenho com que as pessoas o praticam, sem o esconder.

Deixarei os detalhes para o fim; agora quero mostrar a forma como geralmente se encara o mal, do ponto de vista do bem.

Observando o mundo contemporâneo, constatamos que o predomínio do mal é tão grande, que podemos perfeitamente dizer que ele é o mundo do mal. A História nos dá inúmeros exemplos de homens bons que foram atormentados pelos perversos; da situação inversa eu nunca ouvi falar. Como o mal possui mais adeptos que o bem, enquanto os malvados vivem burlando as leis e agindo como bem entendem, os bons ficam subjugados, vivendo constantemente sob terror. Esta é a situação do mundo atual. Por serem mais fracos, os bons são sempre atormentados e maltratados pelos maus.

A democracia surgiu em contraposição a esse absurdo estado de coisas e por isso tem uma origem natural. O Japão, que viveu sob o domínio do pensamento feudal, insistiu em manter uma sociedade onde os fracos são vítimas dos fortes, mas, felizmente, com a ajuda do exterior, conseguiu implantar o regime democrático. Por esse motivo, ao invés de dizermos que, no Japão, a democracia teve uma origem natural, devemos dizer que ela foi um resultado natural. Eis um raro exemplo da vitória do bem sobre o mal. Contudo, a democracia japonesa ainda não está muito firme; em vários setores há resquícios de feudalismo. E talvez eu não seja a única pessoa a perceber isso.

Vejamos, também, a relação entre o mal e a cultura.

O aparecimento daquilo a que se costuma chamar cultura pode ser explicado da seguinte maneira:

Na era subdesenvolvida e selvagem, os fortes pressionavam os fracos tolhendo-lhes a liberdade, impondo-lhes a força, cometendo assassinatos e agindo como bem entendiam. Como resultado, os fracos inventaram vários meios de defesa: fabricaram armas, construíram muralhas, facilitaram os transportes, etc. Em grupos ou mesmo sozinhos, eles se esforçavam de todas as maneiras possíveis. Isso, naturalmente, serviu para desenvolver a mente humana. Com o correr do tempo, para garantir a segurança dos fracos, fizeram-se contratos entre grupos, os quais, possivelmente, deram origem aos acordos internacionais de hoje. Socialmente, foi criado algo semelhante às leis, com o objetivo de limitar o mal; transcrito em forma de códigos, isso deu origem às modernas legislações.

Entretanto, com métodos tão superficiais, não foi possível eliminar o mal que há no ser humano. Conforme podemos ver, da era primitiva até hoje os homens vêm lutando contra o mal, em defesa do bem. E quanto a humanidade tem sofrido com isso! Quantas pessoas boas foram sacrificadas! Para aliviar tão grande sofrimento, apareceram vários religiosos de grande porte. Como os fracos eram sempre atormentados pelos fortes e não tinham forças suficientes para se defender, esses religiosos pelo menos tentaram amenizar espiritualmente suas aflições e dar-lhes esperança. Ao mesmo tempo, para combater o mal, pregaram a Lei da Causa e Efeito, na tentativa de obter o arrependimento e a conversão dos perversos. É inegável que obtiveram alguns resultados positivos, mas não conseguiram mudar a maioria.

Por outro lado, materialmente, instituíram-se os estudos, desenvolvendo-se a cultura material como uma tentativa para combater, através do seu progresso, a infelicidade acarretada pelo mal. O progresso dessa cultura foi muito além do que se podia imaginar; entretanto, não só ela foi inútil no sentido de evitar o mal - seu primeiro objetivo - mas acabou sendo usada para fins maléficos, gerando atos de crueldade cada vez maiores. Essa foi a razão pela qual as guerras passaram a ser realizadas em grande escala, até que acabou se inventando a monstruosa e terrível bomba atômica. Atingindo esse ponto, podemos dizer que chegamos a uma época em que se tornou impossível fazer a guerra. Falando sem reservas, é realmente uma ironia a cultura material ter progredido com a ação do mal e, através deste, ter se chegado a um tempo em que a guerra é impraticável. Naturalmente, no fundo de tudo isso está o milenar e profundo Plano de Deus.

Tanto os espiritualistas como os materialistas desejam um mundo de paz e felicidade, mas isso não passa de um ideal, porque a realidade que nos cerca é bem diferente. Assim, os intelectuais vivem cercados por um mar de dúvidas, batendo a cabeça contra as paredes. Entre eles, existem os que procuram a Religião, a Filosofia e outros meios para decifrar esse enigma; a maioria, no entanto, acredita que o progresso científico resolverá todos os problemas O fato é que a humanidade continua sofrendo, sem perspectivas de uma situação melhor.

A seguir, descreverei como será o futuro do mundo.

Se o mal é a causa fundamental da infelicidade humana, conforme dissemos, levanta-se a seguinte questão: por que Deus o criou? Esta é a pergunta que mais tem atormentado o homem até os dias de hoje. Eis, porém, que finalmente Deus esclareceu a Verdade, que eu passo agora a anunciar.

O mal foi necessário até o momento porque, através do conflito entre ele e o bem, a cultura material pôde progredir até chegar ao ponto em que se encontra. É surpreendente! Embora nem em sonho pudéssemos imaginar que o motivo fosse realmente esse, é a pura verdade. A propósito, falarei primeiramente sobre a guerra.

A guerra ceifou milhares de vidas e, por ser tão trágica, os homens a temem mais do que tudo. Para fugir a essa catástrofe, usaram todos os recursos da inteligência humana, e nem precisamos falar o quanto isso contribuiu para o progresso da cultura. Entre outras coisas, a História nos mostra claramente que, após as guerras, tanto os países vencedores como os vencidos progrediram enormemente. Todavia, se elas chegassem ao extremo ou se prolongassem demasiadamente, os países seriam totalmente aniquilados, o que representaria a destruição da cultura. Sendo assim, Deus as detém num certo ponto, fazendo com que retorne a paz. Através dos relatos históricos, vemos que sempre houve alternância de períodos de guerra e períodos de paz.

Na sociedade, a situação é idêntica. Os criminosos e as autoridades vivem fazendo competição de inteligência. Os desajustes de relacionamento entre as pessoas também são decorrentes da luta entre o bem e o mal. Podemos entender, no entanto, que essas divergências contribuem para o desenvolvimento da inteligência humana.

Ora, se até hoje a cultura progrediu graças aos atritos entre o bem e o mal, é lícito afirmar que este foi imprescindível. Contudo, precisamos saber que não é uma necessidade eterna, ou seja, há um limite para ela. A esse respeito, devo dizer que, atrás de tudo isso, está o objetivo de Deus, que comanda o Universo. Em termos filosóficos, a expressão seria Ser Absoluto, ou Vontade Universal.

A começar por Cristo, todos os fundadores de religiões fizeram profecias sobre o "Fim do Mundo", mas essa expressão, em verdade, significa o fim do mundo do mal e o advento de um mundo ideal - o Paraíso Terrestre, isento de doença, pobreza e conflito, o Mundo de Verdade, Bem e Belo, o Mundo de Miroku, o Reino dos Céus, etc. Os nomes diferem, mas o significado é um só.

A construção de um mundo tão maravilhoso requer um preparo à altura; um preparo completo, que preencha todas as condições, tanto do ponto de vista espiritual como do ponto de vista material. Deus determinou que primeiro se efetuasse o progresso material, pois o progresso espiritual não está preso ao tempo, podendo ser efetuado de uma só vez, ao contrário daquele, que necessita de muitos e muitos anos. Para preencher a primeira condição, fez com que, inicialmente, os homens ignorassem Sua existência, concentrando-se apenas nas coisas materiais. Foi assim que surgiu o ateísmo, condição básica para a criação do mal. Assim fortificado, o mal impingiu maiores sofrimentos ao bem e, prosseguindo na luta, atirou o homem ao abismo do sofrimento. Mas o homem sempre se debateu, na ânsia de sair desse abismo, o que desencadeou a força geradora de um grande impulso no progresso da cultura. Foi trágico, porém inevitável.

Com tudo que dissemos, creio que puderam ter uma noção básica sobre o bem e o mal. Tendo finalmente chegado o tempo em que o mal não será mais necessário, ou seja, o tempo presente, a questão é seriíssima. Não se trata de previsão nem sonho; é a pura realidade. Acreditando ou não, o fato já está saltando aos nossos olhos, através do extraordinário progresso da ciência nuclear. Por conseguinte, se estourasse uma nova guerra, não seria uma simples guerra e sim a destruição total, a extinção da humanidade. Não obstante, esse progresso é uma forma de extinguir o mal e, por isso, torna-se motivo de alegria. Como resultado, a cultura, que até hoje foi aproveitada pelo mal, sofrerá uma reviravolta, ficando à inteira disposição do bem. Daí surgirá o tão almejado Paraíso Terrestre.

Meishu Sama em 13 de agosto de 1952.

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